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Destaques

Começando um novo blog!

Brasil. Terça-feira, 15 de fevereiro de 2022. 07:45 da noite. Olá! Estou começando um novo blog por aqui! A ideia é postar aqui fotos das capas dos livros que eu já li como uma forma de manter aceso em mim e de incentivar o gosto e o hábito da leitura em outras pessoas, expandir meus negócios, aumentar meus rendimentos no AdSense e continuar me divulgando como escritora. O plano também é postar uma foto por mês e já aproveito para avisar que todas as fotografias aqui publicadas, quando não creditadas, serão de minha autoria! Desde já eu agradeço pelas visitas! Espero que esse blog aqui seja um sucesso, hein?! Sem mais, ~Rose Gleize. Conheça o meu outro blog, o Cartas da Gleize . Querendo ou precisando comprar livros? Na seção  Livros  da minha loja virtual, a Magazine Eletronicka, onde agora é possível gerar cupons de desconto para os clientes, você encontra livros diversos! Venha conferir! Seção Livros - Loja Magazine Eletronicka.

POLLYANNA - CAPÍTULO 27.

Brasil.
Segunda-feira, 28 de novembro de 2022.
05:30 da tarde.

DUAS VISITAS.

NANCY FOI A ESCOLHIDA para ir comunicar a Mr. Pendleton o veredito do médico de Nova York. Miss Polly cumpria assim a sua promessa de mantê-lo a par do que houvesse. Ir ela mesma ou escrever uma carta não lhe pareceu conveniente... daí a ida de Nancy.
Tempos atrás a moça ter-se-ia rejubilado imensamente com o desejo de ver de perto a Casa do Mistério e o seu Mágico. Mas naquele dia tinha o coração muito oprimido para rejubilar-se de qualquer coisa. Não se lembrou de prestar atenção à coisa nenhuma nos minutos em que esteve à espera de Mr. Pendleton.
— Sou Nancy, senhor. — disse ela com respeito quando ele lhe apareceu com os olhos arregalados de surpresa. — Miss Harrington me mandou trazer notícias de Miss Pollyanna.
— E então?
Pelo modo de pronunciar essa palavra, Nancy compreendeu a imensa ansiedade que lhe ia na alma.
— Não vai bem, Mr. Pendleton. — disse a rapariga com voz engasgada.
— Quer dizer que...
Nancy baixou a cabeça.
— Sim, senhor. O doutor de fora diz que ela não poderá andar nunca mais.
Por um momento se fez na sala um silêncio de morte; depois Mr. Pendleton falou com voz convulsa de emoção:
— Pobre menininha! Pobre menininha!...
Nancy ergueu para ele os olhos e baixou-os imediatamente. Jamais supôs que o amargo, severo, feroz John Pendleton fosse criatura tão sensível. E mais ainda quando ele murmurou com ternura infinita:
— Que crueldade... nunca mais dançar ao Sol outra vez! A minha adorada menininha-prisma!
Guardou novo silêncio e por fim:
— Ela não sabe disso ainda, não?
— Sabe, sim, senhor, — soluçou Nancy.  e é isso que faz o caso mais triste. Ela descobriu tudo... aquele gato malvado! Desculpe, Mr. Pendleton. Mas o gato deixou a porta entreaberta e Miss Pollyanna escutou o que o médico estava dizendo para Miss Polly. Foi assim que descobriu tudo.
— Pobre, pobre menininha! — soluçou de novo o homem.
— Isso mesmo, meu senhor. Se o senhor a visse! Eu fiquei com o coração varado. A situação é nova para ela e a coitadinha passa o tempo pensando nas novas coisas que pode fazer... agora. O que mais a aborrece é não conseguir ficar contente... o senhor sabe, aquele jogo!
— Sei. O jogo do contente. Ela ensinou-me a mim como se faz...
— Isso mesmo. Bem, eu creio que ela também ensinou esse jogo a muito mais gente. Mas veja que castigo, está agora a aborrecer-se, porque não pode jogar o jogo que ela mesma inventou... e tão lindo! Diz que não consegue pensar agora uma só coisa que a possa fazer contente.
— Sim. — disse o homem com amargura. —Também não vejo como possa ficar contente.
— Eu também não vi, — continuou Nancy. — até que comecei a pensar que seria fácil se ela pudesse recordar-se do que disse aos outros... e procurei fazê-la recordar-se.
— Recordar-se? De quê?
— Do que disse aos outros, do que disse a muita gente como Mrs. Snow, por exemplo. Mas o pobre anjinho põe-se a chorar, porque acha que não é a mesma coisa. Diz que é fácil ensinar aos paralíticos, como Mrs. Snow, a serem contentes, mas que tudo muda quando o paralítico é a gente. E repetiu cem vezes para si mesma que devia ficar contente de que todo o mundo não esteja paralítico como ela, sem que conseguisse ficar contente, porque uma ideia não lhe sai da cabecinha... a ideia de que nunca mais poderá andar.
Nancy fez uma pausa, que não foi interrompida pelo homem, o qual se sentara de mãos nos olhos.
— Depois eu procurei lembrar-lhe uma coisa que ela dizia sempre... que o jogo era tanto mais bonito quanto mais difícil e ela respondeu que estava errada quando pensava assim... que o jogo fica muito diferente quando o caso é dos duros de roer. Preciso ir. Com licença. — Nancy voltou-se de brusco, não podendo mais conter um acesso de choro.
Na porta de entrada hesitou e, virando-se para o homem, disse:
— Posso contar a Miss Pollyanna que... por exemplo, o Jimmy Bean apareceu por aqui outra vez?
— Mas não é verdade, moça. Esse menino não apareceu mais aqui.
— Não faz mal. É que isso é uma das coisas que mais a aborrece, pois ficou de vir aqui com ele e não pôde... por causa da peste do automóvel. Raios o partam! Desculpe, senhor. Eu às vezes esqueço com quem estou falando... ela disse que trouxe Jimmy uma vez, mas que ele não se comportou muito bem e a coitadinha ficou com receio que o senhor não tivesse gostado dele. O senhor há de saber do que se trata... eu não sei.
— Sim, sei o que ela quer dizer.
— Muito bem, meu senhor. Ela estava ansiosa de vir com ele outra vez para mostrar que ele era realmente uma linda presença de criança... e não pôde por causa daquela peste fedorenta. Desculpe, senhor, e passe bem.
Toda a cidade de Beldingsvile ficou logo sabendo o que o especialista de Nova York pensava da menina, isto é, que nunca mais poderia andar... e nunca uma cidade ficou tão agitada por uma notícia. Todos já conheciam a viva menina de pele preta que era uma alegria andando. E também quase todos já sabiam o seu jogo do contente. E pensar que a encantadora carinha alegre jamais passaria por aquelas ruas! Nunca mais a terem por lá proclamando as maravilhas do seu jogo. Era incrível, inconcebível e de uma crueldade infinita.
Nas cozinhas e nas salas de visita, nos quintais e nas ruas, mulheres comentavam o caso e choravam decoração. Nas esquinas e praças também homens faziam o mesmo... e muitos escondiam o rosto, ou disfarçavam, para esconder alguma lágrima inconveniente. E esse sentimento geral ainda aumentou quando Nancy trouxe a notícia de que Pollyanna estava sobretudo desesperada, porque não podia mais jogar o seu jogo... e não podia, portanto, ficar contente de coisa nenhuma.
Isso fez com que todos os amigos da menina tivessem o mesmo pensamento. Visitá-la. E o solar dos Harringtons, com surpresa de Miss Polly, tornou-se um centro de romaria. Eram visitas e mais visitas, de gente que conhecia e de gente que nunca tinha visto antes... homens, mulheres e crianças. Miss Polly ficou assombrada de verificar quanta gente conhecia a menina.
Alguns ficavam sentados por cinco ou dez minutos. Outros paravam nos degraus da escada, de chapéu ou bolsa na mão, conforme o sexo. Uns traziam livros, flores, doces de tentar iludir o paladar. A maior parte chorava sem nenhum acanhamento; outros fungavam tanto e lidavam tanto com o nariz que os transformavam em pimentões. E todos deixavam recados ou bilhetes para a doentinha. Atender a essa gente tornou-se a grande ocupação de Miss Polly.
Mr. Pendleton veio outra vez e ainda de muletas.
— Não preciso lhe dizer, Miss Harrington, que choque senti quando Nancy me levou a opinião do especialista. Mas, na realidade, não se poderá fazer alguma coisa?
Miss Polly fez um gesto de desespero.
— Estamos fazendo tudo, todo o tempo. O doutor Mead prescreveu um certo tratamento que talvez dê resultado e o doutor Warren está seguindo à risca as suas prescrições. Mas... o doutor Mead não tem grandes esperanças.
John Pendleton ergueu-se de brusco, muito pálido, e Miss Polly compreendeu, porque suas visitas eram tão curtas. Na porta, ele disse:
— Tenho um recado para Pollyanna. Faça-me o obséquio de lhe dizer que Jimmy Bean apareceu e que está morando comigo; ficará sendo meu filho adotivo. Diga-lhe isto; estou certo de que vai ficar contente com a novidade.
Por um breve momento Miss Polly perdeu a sua firmeza habitual.
— O senhor vai adotar Jimmy Bean?
O homem levantou a cabeça.
— Sim. Pollyanna me compreenderá. Diga-lhe que espero que fique contente com isso.
— Sem dúvidas, mas...
— Passe bem e muito obrigada. — disse Mr. Pendleton, retirando-se.
Miss Polly ficou na soleira da porta, imóvel, a olhar atônita para o homem que lá se ia apoiando nas suas muletas. Não podia acreditar no que ouvira. John Pendleton adotando Jimmy Bean! John Pendleton, rico, independente, solitário, conhecido como avarento e tremendamente egoísta, adotar aquele menino... aquele pequeno mendigo...!
E foi com o olhar parado que Miss Polly subiu ao quarto da menina.
— Pollyanna, tenho um recado de Mr. Pendleton para você. Esteve cá ainda há pouco. Pediu-me para contar que recebeu o menino Jimmy em sua casa a fim de adotá-lo como filho. Disse que espera que você fique contente com a notícia.
A carinha triste da menina tornou-se lindo de súbita alegria, embora linda ela já fosse!
— Contente? Contente? Ô, certo que fiquei e muito! Tia Polly, eu quis tanto descobrir um meio de arrumar a vida de Jimmy! E consegui. Está ele com a vida feita!
Também estou muito contente por Mr. Pendleton. O pobre vai ter agora em casa o que tanto queria... uma presença de criança.
— Presença de criança? Que história é essa?
Pollyanna suou de leve. Lembrou-se que jamais falara à sua tia de Mr. Pendleton querer adotá-la como filha... e que nunca pensou em contar-lhe isso para que não passasse pela cabeça da querida tia uma dúvida. A dúvida de que ela, Pollyanna, tivesse desejado semelhante coisa.
— Presença de criança, sim? — repetiu a menina. — Sabe o que é? Uma vez Mr. Pendleton me disse que só uma mão de mulher ou uma presença de criança pode fazer de uma casa um lar. E eu arranjei para ele uma presença de criança.
— Ô, compreendo. — murmurou Miss Polly; e na realidade compreendeu mais do que Pollyanna podia esperar. Compreendeu e sentiu em si o aperto de coração que deveria ter sentido a menina quando Pendleton lhe propôs que fosse morar com ele e ser a presença de criança daquela casa triste. E lágrimas caíram dos olhos de Miss Polly.
Pollyanna receou que sua tia insistisse naquele assunto embaraçante e tratou de mudar de conversa.
— Também o doutor Chilton diz que é preciso uma mão e um coração de mulher ou uma presença de criança para fazer um lar. — Observou ela.
Miss Polly voltou-se vivamente.
— Doutor Chilton? Como sabe disso, Pollyanna?
— Ele mesmo me disse, quando falou que quem vive em quartos e salas não vive em um lar.
Miss Polly guardou silêncio, com os olhos na janela.
— E eu, — prosseguiu Pollyanna. — perguntei-lhe por que motivo não arranjava essa mão de mulher e essa presença de criança...
— Pollyanna! — exclamou Miss Polly, corando vivamente.
— Perguntei, sim. Ele estava com uma cara tão triste!
— E... e que respondeu ele? — indagou Miss Polly, como se qualquer coisa lá por dentro a impelisse, mesmo contra a sua vontade.
— Não disse nada por uns instantes. Depois murmurou baixinho que a gente nem sempre consegue o que deseja.
Fez-se uma pausa de silêncio. Miss Polly voltou novamente os olhos para a janela. Tinha o rosto ainda em fogo.
Pollyanna suspirou.
— Ele quer uma, eu sei... uma mulher... e eu ficaria bem contente se conseguisse dar-lhe essa mulher.
— Como pode saber disso, Pollyanna? Como pode saber que ele quer uma... esposa?
— Porque no dia seguinte ele disse mais umas coisas. Disse baixinho, mas bem ouvi. Disse que daria tudo na vida para ter em sua casa uma mão de mulher e um coração. Que é isso, tia Polly? Que aconteceu?
Miss Polly erguera-se agitada e correra à janela.
— Nada, minha cara. Vim mudar a posição deste prisma...

Esse foi o 27° capítulo!
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