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Destaques

Começando um novo blog!

Brasil. Terça-feira, 15 de fevereiro de 2022. 07:45 da noite. Olá! Estou começando um novo blog por aqui! A ideia é postar aqui fotos das capas dos livros que eu já li como uma forma de manter aceso em mim e de incentivar o gosto e o hábito da leitura em outras pessoas, expandir meus negócios, aumentar meus rendimentos no AdSense e continuar me divulgando como escritora. O plano também é postar uma foto por mês e já aproveito para avisar que todas as fotografias aqui publicadas, quando não creditadas, serão de minha autoria! Desde já eu agradeço pelas visitas! Espero que esse blog aqui seja um sucesso, hein?! Sem mais, ~Rose Gleize. Conheça o meu outro blog, o Cartas da Gleize . Querendo ou precisando comprar livros? Na seção  Livros  da minha loja virtual, a Magazine Eletronicka, onde agora é possível gerar cupons de desconto para os clientes, você encontra livros diversos! Venha conferir! Seção Livros - Loja Magazine Eletronicka.

POLLYANNA - CAPÍTULO 24.

Brasil.
Domingo, 06 de novembro de 2022.
03:00 da manhã.

JOHN PENDLETON.

NO DIA SEGUINTE Pollyanna não foi para a escola, nem no dia depois do dia seguinte. Ela, entretanto, não percebeu isso, exceto nos breves instantes de lucidez que sobrevinham a espaços. Só depois de passada uma semana é que pôde alcançar em toda a sua extensão a desgraça que lhe havia sucedido; a febre começou a cair e seu espírito voltou ao normal. Soube então do acidente com todos os detalhes.
— E os do automóvel não ficaram feridos? Muito bem. Posso ficar contente disso.
— Contente, Pollyanna? — inquiriu sua tia, que estava sentada ao seu lado.
— Sim. Eu prefiro ter as pernas partidas, como Mr. Pendleton, a ser paralítica pela vida inteira como Mrs. Snow, a senhora sabe. Pernas quebradas consertam-se; mas os paralíticos não saram nunca.
Miss Polly, que nada havia dito sobre pernas quebradas, levantou-se de súbito e foi para a pequena penteadeira do quartinho, onde ficou a pegar um objeto e outro, numa indecisão bem fora de seu caráter. Tinha o rosto bastante abatido e pálido.
A menina piscava da cama para as cores irrequietas que um prisma pendurado à janela punha no forro.
— Fico muito contente que não seja varíola o que eu tenho. — murmurou de súbito, rindo-se. — Varíola ainda é pior que sarda. Também fico muito contente que não seja tosse comprida... conheço essa peste! E também de não ser apendicite, nem catapora, porque catapora pega e se fosse catapora eu tinha de ficar aqui sozinha.
— De quantas coisas está você contente hoje, minha cara! — balbuciou Miss Polly, levando a mão à garganta como se estivesse estrangulada.
A menina sorriu e respondeu:
— Estou, sim, de muitas. Estive pensando em montes de doenças, enquanto olhava a brincadeira das cores do prisma no forro. Gosto de arco-íris. Foi tão bom que Mr. Pendleton me desse os pingentes! Estou contente ainda de muita coisa que não disse... e quase que estou contente de ter sido atropelada pelo automóvel.
— Pollyanna!
A menina sorriu de novo, daquele seu modo todo especial, com os olhos luminosos voltados para a tia.
— Sim, sim! Desde que fui atropelada a senhora começou a chamar-me "minha cara"... uma palavra que nunca ouvi antes. Gosto de ser chamada "cara"... mas por gente de casa, por parentes, como a senhora. Certas damas lá da minha Auxiliadora usavam também essa expressão, e era muito gentil da parte delas; mas com a senhora é diferente... vale muito mais. Oh, fico tão alegre quando me lembro que a senhora é minha tia!
Miss Polly não respondeu. Tinha ainda a mão na garganta e os olhos marejados de lágrimas. Súbito, fugiu do quarto, ao ver que a enfermeira vinha entrando.
Foi nesse dia, à tarde, que Nancy correu para o velho Tom, que estava polindo arreios na cocheira. Os olhos da moça tinham uma expressão de assombro.
— Mr. Tom, Mr. Tom, adivinhe o que aconteceu! — disse ela ao chegar, ainda arquejante. — Adivinhe, se é capaz... dou-lhe mil anos!
— Se me dá mil anos para adivinhar, é que a coisa é dura... e desisto, mesmo porque, velho como estou, não posso viver mais uns dez. O melhor, Miss Nancy, é ir contando, sem mais embroma.
— Pois então ouça. Quem o senhor imagina que está na sala de visitas com a patroa? Quem? Diga!
O velho Tom meneou a cabeça.
— Não posso dizer. Não sou desses mágicos que enxergam através das paredes.
— Não pode mesmo. Nem que morresse de matutar. Mr. Pendleton!...
— Eh! Você está caçoando, Nancy. Impossível.
— Verdade, sim. Ele, com muleta e tudo. O homem que não falava com ninguém, que não visitava ninguém. O "pancada", o malcriado, o homem do "escaleto" do armário. Pense nisso, Mr. Tom... pense em Mr. John Pendleton visitando Miss Polly!
— E por que não? — observou o velho, que não via impedimento absoluto para aquela visita.
Nancy olhou-o de um modo que dizia mil coisas.
— Ah! Como se Mr. Tom não soubesse muito melhor que eu! Para cá vem de carrinho...
— Eu?
— Oh, não faça cara de inocente. — disse a moça, em tom de falsa indignação. — Foi o senhor mesmo que me pôs na pista do grande segredo.
— Que é que está aí a asnear, moça? Não estou entendendo coisa nenhuma, palavra.
Nancy deu uma cautelosa olhadela em redor e aproximou-se do ouvido do velho.
— Escute. Não foi o senhor quem disse, naquele dia, que Miss Polly tinha tido um namorado, lembra-se? Pois muito bem: eu fui ligando os acontecimentos e descobri por mim mesma quem era o tal!...
Com um momo de decepção o velho Tom sorriu e voltou ao serviço.
— Se quer conversar comigo, trate de ter senso. — declarou ele. — Estou muito velho para ouvir bobagens.
Nancy deu uma risada.
— Pois fique certo que descobri tudo. Ele é o antigo namorado de Miss Polly. Juro!
Mr. Pendleton? — e o velho Tom arreganhou os dentes num riso incrédulo.
— Ele, sim. Agora sei muito bem
— Nada disso, Nancy. Você nasceu ontem. Mr. Pendleton foi, mas foi o namorado da mãe dessa abençoada menina, isso sim.
— Hum! — fez a moça, desnorteada. — Compreendo agora!... Por isso que ele tanto quis que a menina fosse... ah, ah...
Aqui teve um fingido acesso de tosse, pois lembrou-se que Pollyanna lhe contara tudo sob promessa de o não passar a ninguém. E mudou de rumo.
— Andei preocupada com isso, Mr. Tom, indagando de muita gente velha, e soube que ele e Miss Polly tinham sido namorados ou amigos nos velhos tempos, e que depois ela passou a detestá-lo por causa de uns boatos a respeito.
— Isso é fato. — confirmou o velho. — Foi três ou quatro anos depois que Miss Jennie deu o contra ao amor de Mr. Pendleton e casou-se com outro... o pai de Miss Pollyanna. Miss Polly sabia do amor de Mr. Pendleton, teve dó dele e procurou ser amável com ele. Talvez ela tenha sido amável demais... e isso por ter ódio ao tal ministro que levara Miss Jennie. Começaram então os mexericos. Diziam as más línguas que Miss Polly andava caçando Mr. Pendleton.
— Caçando um homem? Ela? Que disparate!...
— Eu sei. Mas as más línguas espalhavam isso, — continuou Tom. — e nenhuma Missão de condição pode suportar semelhante afronta. E no mexerico veio o rompimento com o verdadeiro namorado. Desde então Miss Polly fechou em copas, qual ostra, e não quis saber de mais ninguém. Azedou até ao fundo da alma.
— Ah! Está tudo claro agora! — exclamou Nancy. — Mas o caso é que uma pessoa ia me derrubar no chão com uma pena, quando vi Mr. Pendleton na porta, à espera da criatura com a qual não falava desde anos e anos. Introduzi o homem na sala e corri cá a lhe contar o caso, Mr. Tom.
— Que disse ela, quando você anunciou Mr. Pendleton?
— Nada, no começo. Ficou tão muda que até pensei não ter-me ouvido. E já eu ia repetindo o anúncio, quando me respondeu: "Diga a Mr. Pendleton que descerei num momento.". E eu vim cá, correndo, contar-lhe a novidade, Mr. Tom. — concluiu Nancy, com um novo olhar de inspeção em redor.
— Hum! Hum! — rosnou o velho, voltando ao seu serviço sem mais palavras.

Na cerimoniosa sala de visitas do solar dos Harringtons Mr. John Pendleton não teve de esperar muito tempo; breve um ruído de passos anunciou a aproximação da dona da casa. Mr. John tentou levantar-se da poltrona em que se sentara, mas foi detido por um gesto de Miss Polly, gesto de esteja a gosto. Não houve apertos de mão e o rosto da grande dama mostrava-se de uma fria reserva.
— Vim fazer uma visita a Miss Pollyanna. — disse ele, um tanto bruscamente.
— Obrigada. Pollyanna vai indo na mesma. — respondeu Miss Polly.
— Não pode dizer-me qual o seu estado? — insistiu o homem, já com a voz menos firme.
Uma sombra de amargura perpassou pelas feições de Miss Polly.
— Não posso... e bem desejaria podê-lo!
— Quer dizer que ignora o seu estado real...?
— Isso mesmo.
— Mas... o doutor? Que diz ele?
— O doutor Warren também se vê no ar. Está agora em correspondência com um especialista de Nova York, com o qual vai ter um encontro aqui.
— Mas... mas quais são os ferimentos que foram constatados.
— Um corte na cabeça, coisa leve; várias contusões e qualquer coisa na espinha, que parece ser a causa da paralisia dos membros inferiores.
Um gemido irrompeu na sala... gemido abafado vindo do fundo do coração. Fez-se penoso silêncio, ao termo do qual Mr. Pendleton inquiriu:
— E Pollyanna? Como recebe isso?
— A coitadinha nada compreende... ou não sabe ainda o que lhe sucedeu. Eu não posso abrir-me com ela. Não posso!
— Mas é preciso. Ela precisa saber toda a verdade.
Miss Polly levou a mão à garganta, naquele gesto ultimamente tão repetido.
— Oh, sim. Já sabe que não pode mover-se, mas pensa que está de pernas quebradas. E diz que está contente com isso, pois é muito melhor ter as pernas quebradas do que cair na paralisia por toda a vida, como Mr. Snow. Fala disto o tempo inteiro e me corta o coração.
Apesar de ter os olhos tolhidos pelas lágrimas, Mr. Pendleton pôde ver como o rosto de Miss Polly estava marcado de todas as impressões de uma dor imensa. Involuntariamente seus pensamentos voltaram-se para o passado... para a conversa em que Pollyanna confessara não poder aceitar o seu convite... "Oh, não posso deixar tia Polly... agora!" E foi a lembrança disso que o fez dizer com toda a lealdade, logo que pôde controlar-se:
— Não sei se a senhora sabe, Miss Harrington, mas fiz tudo para que Pollyanna fosse morar comigo.
— Com o senhor? Pollyanna?...
O homem piscou várias vezes, mas conservou a calma da voz.
— Sim. Eu queria adotá-la como filha, a senhora compreende, fazendo-a a minha herdeira única.
Miss Polly serenou um bocado à lembrança do brilhante futuro que para a sobrinha seria semelhante adoção, e lamentou lá no íntimo que Pollyanna não fosse de mais idade... e mais mercenária... para deixar-se tentar por aquela maravilhosa perspectiva.
— Gosto muito de Pollyanna. — continuou Mr. Pendleton. — Gosto dela duas vezes... por Pollyanna em si e por ser filha de quem é. Era meu sonho dedicar a Pollyanna todo o imenso amor, que conservei oculto comigo durante vinte e cinco anos.
Amor...
Miss Polly recordou-se das razões que tinham-na movido a receber aquela menina, e depois relembrou as palavras de Pollyanna pela manhã: "Gosto de ser chamada "cara", mas por gente de casa, por parentes, como a senhora.". E era aquela menina sequiosa de afeição que tinha recebido a oferta de um amor acumulado por vinte e cinco anos. Com o coração apertado, compreendeu tudo, afinal. E também compreendeu outra coisa... a tristeza que seria sua vida sem Pollyanna ao lado.
— Bem! — exclamou ela, e o homem viu que esforço de dominação ela fazia para receber o fim da história... talvez uma sentença cruel.
— Mas Pollyanna recusou-se a aceitar o meu convite. — declarou Pendleton, com um sorriso melancólico.
— Como? Por quê?
— Não quis deixar Miss Harrington. Disse que a senhora havia sido sempre muito boa para ela e pois desejava permanecer aqui, embora ainda não soubesse se era querida...
Mr. John ergueu-se sem olhar para a interlocutora e dirigiu-se resolutamente para a porta. Mas percebeu que ela o acompanhava com a mão estendida.
— Quando o especialista vier saberemos de mais alguma coisa... de algo definido a respeito da nossa doentinha e avisarei ao senhor do que houver. — rematou Miss Polly, apertando-lhe a mão. — Adeus e obrigada de ter vindo. Pollyanna vai ficar muito grata.
Foi assim que os dois se despediram. 🦋

Esse foi o 24° capítulo!
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